A FOCALIZAÇÃO MARCADA EM VARIEDADES DO PORTUGUÊS
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DETALHES DO PROJETO

Data de início: 10 de outubro de 2017
​Duração: 3 anos


1. Introdução
As construções de focalização marcada apresentam o movimento de um constituinte para uma posição especial na sentença, diferenciando-se, portanto, do foco, que é uma realidade funcional corriqueira a toda e qualquer sentença de uma língua. Entre essas, as chamadas construções clivadas são normalmente consideradas formas de expressão da focalização marcada, e também são assim designadas por ocorrerem com baixa frequência na linguagem natural.
Apesar da profusão de trabalhos sobre a sintaxe dessas construções no Brasil, nota-se que alguns pressupostos têm sido assumidos sem um suporte empírico adequado. Primeiro, não é sempre o caso que o elemento clivado expressa contraste; segundo, não há uma relação biunívoca entre contraste e movimento:

(1) A: — Quem veio aqui?
      B: — Foi a Maria quem veio aqui.
(2) A: — Claro, você assistiu o Godard.
      B: — Não, eu assisti O POLANSKI.

Em última análise, tem-se finalmente que o contexto de uso de uma ou outra construção de focalização não é o mesmo, e tal diferença tem sido sistematicamente ignorada das análises sintáticas propostas. Finalmente, a literatura sobre o português brasileiro tem sugerido a existência de novas construções de focalização. Isto é, para além das seguintes, já bem descritas na literatura:

(3) a. O JOÃO eu conheço. (anteposição de foco)
      b. É O JOÃO que eu conheço. (clivada canônica)
      c. O JOÃO é que eu conheço. (clivada invertida)
      d. Quem eu conheço é O JOÃO. (pseudoclivada canônica)
      e. O JOÃO é quem eu conheço. (pseudoclivada invertida)
      f. É O JOÃO quem eu conheço. (pseudoclivada extraposta)

O português brasileiro também apresentaria pelo menos as seguintes construções, que têm sido analisadas como derivadas do apagamento de algum constituinte no começo da sentença (BRAGA; KATO; MIOTO, 2010):

(3) g. É O JOÃO que eu conheço. (clivada reduzida)
      h. Quem eu conheço é O JOÃO. (pseudoclivada reduzida)

Além disso, o português brasileiro se caracteriza por frequentemente não apresentar a concordância modo-temporal e número-pessoal entre a cópula e o elemento clivado — p. ex. Os meninos é que saíram; cf. Braga (2009).
Por outro lado, o português europeu também parece apresentar particularidades. No âmbito das construções clivadas, nota-se a existência de clivadas introduzidas por o que, como em (4) — cf. Brito; Duarte (2003, p. 685). Além disso, a anteposição de foco parece ser mais ampla do que no português brasileiro, como se nota em (5) — cf. Costa; Martins (2011):

(4) Foi o queijo o que o corvo comeu.
(5) SEISCENTOS EUROS recebo eu por mês. Achas que me pagam bem?

 2. Justificativa
 A principal justificativa para a realização do projeto tem a ver com a inexistência de trabalhos que analisem a realização pragmática das construções de focalização do português e que façam dialogar as propriedades associadas às diversas construções em estudo a suas análises sintáticas. Isto é, ora encontram-se trabalhos de orientação funcionalista que apresentam um panorama das construções e estatísticas básicas referentes aos constituintes clivados, ora trabalhos de orientação formal com alto rigor na apresentação das derivações, porém com base empírica aquém do esperado. Entre uns e outros, a questão da realização pragmática propriamente dita tem sido ignorada, pois:
(i) no que tange ao estatuto informacional do constituinte clivado, assume-se que se trata de um foco contrastivo, sem a devida verificação de tal pressuposto;
(ii) no que tange ao estatuto retórico da sentença marcada, assume-se (em alguns trabalhos funcionalistas) uma distinção básica entre anteposição de foco, clivada tipo 1 e tipo 2 e pseudoclivada. A anteposição de foco ocorre num contexto em que há uma proposição aberta inferível, em que o item fronteado corresponde a uma variável e recebe o acento principal da sentença. No exemplo a seguir (BIRNER; WARD, 1998, p. 36), six dollars responde à proposição aberta “The reading packet costs X”:

(6) A: — Where can I get the reading packet?
      B: — In Steinberg. Six dollars it costs.

A clivada tipo 1 apresenta o elemento clivado com acento principal de sentença, por isso é normalmente denominada clivada de foco acentuado, que para Prince (1978) expressa um fato de conhecimento geral (p. 896, exemplo enunciado por um encadernador):

(7) They’re really good books. It’s just the covers that are rotten.

A clivada tipo 2 não apresenta acento no elemento clivado, mas no final da sentença. Informacionalmente, ela apresenta informação velha para o falante mas que é considerada novidade para o ouvinte (exemplo do Philadelphia Bulletin, 1/3/1976 in PRINCE, 1978, p. 898):

(8) It was just 50 years ago that Henry Ford gave us the weekend. On September 25, 1926, in a somewhat shocking move for that time, he decided to establish a 40-hour work week, giving his employees two days off instead of one.

Finalmente, a pseudoclivada apresentaria sempre uma informação já presente na mente do interlocutor, isto é, especificamente no âmbito da oração-Q/wh. No trecho abaixo, é uma suposição pragmática geral que meninas de 19 anos queiram fazer algo na vida (exemplo de Today, 10/10/1976 in PRINCE, 1978, p. 887):

(9) Nikki Caine, 19, doesn’t want to be a movie star. What she hopes to do is be a star on the horse-show circuit.

Até onde sabemos, os poucos estudos que visam a avaliar o valor textual das construções de focalização no português adotam as mesmas funções de suas contrapartes em inglês, sem o devido questionamento teórico e metodológico (cf. LONGHIN, 1999; BRAGA, 2009). Além disso, os subtipos de construções clivadas e pseudoclivadas (com relação à ordem de palavras) não são levados em consideração nessa proposta inicial, ficando ainda de lado as novas construções apresentadas pelo português brasileiro.
Nota-se, além disso, a necessidade de uma atualização teórica, visto que o estudo de Prince (1978) já é bastante antigo e carece de um ferramental que relacione a estrutura informacional à estrutura retórica. Isso é necessário porque a construção sintática responde a uma necessidade de sinalizar ao interlocutor alguma noção pragmática e discursiva. De fato, o recurso ao estatuto informacional (novo/ acessível/velho) deve ser usado, mas o analista não pode se limitar a esse tipo de evidência, que constitui a tônica do trabalho de Prince.
No que diz respeito à análise sintática, há uma série de pressupostos que vêm sendo assumidos na literatura sobre o português brasileiro que merecem motivação mais detalhada:
(i) a classificação das novas construções do português brasileiro, pois a assunção derivacional que lhes serve de base é poderosa demais: se o elemento inicial de frase pode ser sempre apagado, esperaria-se que a contraparte *O João quem eu conheço pudesse ser derivada a partir de uma pseudoclivada extraposta.
(ii) a utilização ora de uma posição de foco na periferia esquerda da oração (CP), ora na periferia esquerda da fase baixa (vP), sem um correlato informacional explícito que as distinga;
(iii) a utilização de movimentos remanescentes (englobando toda a sentença menos o constituinte clivado), satisfazendo tão-somente ao requisito de ordem linear esperado da análise.

Além desses problemas de ordem técnica, nota-se que a disponibilização de uma base empírica robusta com anotação que contribuirá para que se leve em consideração o estatuto informacional e o estatuto retórico das construções em estudo também facilitará a formulação de uma nova proposta de derivação sintática dessas construções.

3. Objetivos
3.1. Objetivo geral
• Apresentar uma análise sintática das construções de focalização marcadas em português brasileiro e em português europeu em consonância com sua realização pragmática
3.2. Objetivos específicos
• Descrever a função pragmática dos constituintes clivados;
• Analisar a função retórica das sentenças com focalização marcada;
• Identificar possíveis correspondências entre funções discursivas e construções de focalização marcada;
• Identificar possíveis descompassos entre construções de focalização em diferentes variedades do português;
• Analisar propostas alternativas de derivação sintática que levem em consideração a realização pragmática de tais construções.

4. Metodologia
4.1. Referencial teórico
O referencial teórico adotado é a linguística formal veiculada na pragmática correlacionada aos estudos sobre estrutura retórica, naquilo que se convencionou chamar de SDRT (Segmented Discourse Representation Theory), de Asher; Lascarides (2003), e o programa minimalista em sintaxe das línguas naturais resumida em Chomsky (2001). Essa dupla escolha teórica tem a ver com o fato de que estamos
tratando de um tema de interface, a estrutura informacional, que responde a requisitos retóricos/discursivos e sintáticos. A escolha da perspectiva formal se justifica por ser essa uma teoria que faz assunções mais específicas a respeito da estrutura discursiva e sintática, o que possibilida desenvolver e testar hipóteses de forma mais explícita. A seguir faço uma breve apresentação de tais teorias, em conexão com o tema das construções de focalização marcada.
Construtos teóricos como a Teoria da Estrutura Retórica (RST em inglês - cf. MANN; THOMPSON, 1988) e a Teoria de Representação do Discurso Segmentado (SDRT em inglês - cf. ASHER; LASCARIDES, 2003) compartilham do pressuposto básico da possibilidade de computar estruturas hierárquicas a partir das relações retóricas. Destarte um de seus pressupostos básicos é a oposição entre coordenação e subordinação discursiva. Segundo Asher; Vieu (2005), essa distinção tem uma motivação intuitiva, segundo a qual algumas partes do texto exercem papel subordinado face às demais. Isso se dá, por exemplo, com a relação entre tópico frasal e as demais sentenças de um parágrafo: caso esses outros pedaços de informação apareçam com o mesmo nível de detalhe em relação à sentença principal do
parágrafo, haverá uma relação de coordenação entre eles e, consequentemente, uma relação de subordinação entre eles e a sentença principal do parágrafo.
Há, segundo a SDRT, um inventário de cerca de vinte relações retóricas que relacionam Unidades Discursivas Elementares (UDEs), ou Unidades Discursivas Complexas (UDCs). Há manuais de anotação discursiva que orientam sobre a segmentação das UDEs, que podem corresponder a orações ou mesmo a um período composto. As UDCs são blocos de UDEs que se combinam para formar a macroestrutura do texto, à semelhança de parágrafos, como se mostra abaixo:

(10) {[João torceu o pé.] [Depois, ele foi ao hospital.] } { Por isso, ele não teve tempo de ir à aula.}
        {[UDE1] ---narração ---> [UDE2]} UDC1 --- resultado ---> UDC2

O estudo da estrutura retórica pode ser aplicado à análise das construções marcadas, com resultados interessantes (DELIN; OBERLANDER, 1995; MACEDO-COSTA; ANDRADE, 2015; inter alia). A partir do suporte teórico da RST, Delin; Oberlander (1995) fazem as seguintes observações sobre as clivadas em inglês, utilizando também a classificação proposta em Prince (1978):
(i) clivadas de tipo 1: fecham uma UDC;
(ii) clivadas de tipo 2: abrem uma UDC.

Em trabalho posterior (DELIN; OBERLANDER, 2005), os autores fazem algumas sugestões referentes à metodologia de pesquisa sobre as construções clivadas em contexto. Uma delas é que não se deve esperar uma correlação pari passu entre construções e valores discursivos, que podem apresentar uma relação de um para vários. As clivadas apresentariam em geral quatro valores discursivos, como traços: unicidade, pressuposição, estrutura informacional estanque e valor de estado, esse último derivado da presença da cópula. Face a isso, propõem a aplicação de testes juntos aos falantes de variedades ou línguas diferentes: a desclivagem e a tradução. No caso de os julgamentos serem pouco claros, propõem observar se há situações em que o contexto sugere superfluidade ou redundância:

(11) Who else would expect one of the gurus of the film industry, Orson Welles, to expound the philosophies that form the major insights of the film? To be fair, though,
a. it’s Welles who expounds the most interesting ideas.
b. Welles expounds the most interesting ideas.
c. Welles does expound the most interesting ideas.

​Falantes nativos de língua inglesa optam por (11a) ou (11c), sendo a explicação para isso que há um traço discursivo que precisa ser marcado, a unicidade, que não está presente em (11b), mas que pode ser “traduzido” pelo modal does com uso enfático, mesmo após a “desclivagem”, isto é, a transformação de uma clivada numa estrutura oracional simples.
No que diz respeito à representação sintática, o objetivo é trabalhar com uma versão mais fiel possível ao programa minimalista. Isso implica um distanciamento da maior parte das propostas atuais para a derivação das construções clivadas em português, que adotam a perspectiva cartográfica, a qual supõe que cada traço simplica uma projeção com valor semântico e pragmático definido, ordenado hierarquicamente (RIZZI, 1997; CINQUE, 1999, inter alia). O problema com esse tipo de proposta é que as posições sintáticas não são motivadas pelos valores que elas deveriam expressar (BENINCÀ, 2006), exceto no caso de propostas mais recentes (vg. FRASCARELLI; HINTERHÖLZL, 2007), em que haveria uma correspondência entre valor pragmático e a posição sintática, como se nota no comparativo abaixo, em que o sinal de maior indica dominância de projeções:

(12) Propostas cartográficas para o domínio de CP
a. Rizzi (1997)
ForceP > TopP > FocP > TopP* > FinP
b. Frascarelli; Hinterhölzl (2007)
ShiftP > ContrP > FocP > FamP

Mesmo nesse último grupo de propostas, no entanto, os descompassos descritos anteriormente tendem a ser explicados por formalismos pouco elucidativos como o fato de numa língua haver um traço forte, noutra um traço fraco, sem motivar isso independentemente.
Na composição dessa nova proposta, levaremos duas premissas em consideração:
(i) as categorias ou traços da periferia alta e da periferia baixa não são as mesmas. É intuitivamente estranho supor que haja uma repetição de traços em duas posições diferentes da estrutura, com as mesmas funções, como já se observa na proposta derivacional de López (2009), para quem noções informacionais são codificadas por meio de traços como [±c] (contraste) e [±a] (anafórico), em diferentes
núcleos de fase.
(ii) a periferia esquerda de orações matrizes é mais desenvolvida que a periferia esquerda de orações encaixadas. Como observam Bianchi; Frascarelli (2010) e Haegeman (2012), isso tem a ver com a existência de força ilocucionária nas primeiras, o que limita a ocorrência de certos tipos de topicalização e do fronteamento de foco em orações encaixadas.

Os fatos acima podem ser simplificadamente exemplificados em termos dos exemplos abaixo. Em (17), mostra-se que um tópico de enquadre só pode ocorrer na periferia alta, e não na periferia baixa:

(13) a. {Today} John will finish the paper.
b. *John will {today} finish the paper.

Em (14), mostra-se que um tópico temático (numa construção de deslocamento à esquerda) pode coocorrer com uma sentença com força ilocucionária totalmente distinta, como um imperativo, o que não é o caso de um tópico contrastivo (numa construção de topicalização), que ocorre numa posição mais baixa:

(14) a. This book, leave it on the table!
c. *This book, leave on the table!

Não obstante o enquadramento teórico do presente projeto, está prevista a leitura de material de pesquisa de estudiosos de correntes teóricas funcionalistas, de tal maneira a permitir uma melhor compreensão do fenômeno em estudo. Além disso, devemos levar em consideração não só material sobre o português brasileiro, mas também sobre outras línguas românicas — que provavelmente apresentam estruturas semelhantes — como também sobre o inglês, dado o fato de que há uma maior
quantidade de estudos sobre essa língua.

4.2. Procedimentos e etapas
A primeira etapa da pesquisa envolverá a busca por material bibliográfico sobre a realização pragmática de construções de focalização em contextos declarativos, já que os contextos interrogativos apresentam particularidades que ultrapassam os objetivos da presente pesquisa.
A segunda etapa consiste na montagem dos corpora e das bases de dados, efetuadas a partir de dados de fala real. As fontes deverão ser:
• Português brasileiro: entrevistas do programa Roda Viva, veiculado pela TV Cultura/SP, e disponíveis online (transcrições e alguns vídeos);
• Português europeu: entrevistas do programa A Grande Entrevista, veiculado pela RTP, disponível online (somente vídeo).

Desse conjunto, os corpora para a pesquisa deverão incluir um subgrupo de entrevistas, sendo os critérios de seleção a data (entrevistas realizadas a partir do ano 2000) e a nacionalidade do falante (brasileira). Quando estiverem disponíveis duas ou mais entrevistas com o mesmo falante, somente a mais recente será considerada. O corpora deverão ser guardados em arquivos word, havendo previsão de serem disponibilizadas para futuros pesquisadores por download mediante formulário eletrônico de acesso, o que dependerá da resolução de questões de direito de autor.
A seleção do gênero entrevista se justifica por ser um contexto de debate, que facilita a expressão de noções contrastivas, típicas do contexto de focalização. Além disso, por ser um contexto de formalidade, tende-se a obter construções representativas da língua corrente, e não aqueles específicos de contextos informais.
No caso dos dados em português europeu, será preciso transcrever as entrevistas, já que elas estão disponíveis somente em formato vídeo.
As bases de dados serão duas. A primeira será composta somente pelas sentenças com focalização marcada, extraídas do seu contexto de uso, e organizada em formato excel. A segunda será compostas por arquivos word com a identificação dos trechos com focalização marcada em cor especial.
Os procedimentos de tratamento dos dados são divididas em duas etapas, uma para cada base de dados. Na primeira etapa, os dados em excel serão classificados de acordo com os seguintes grupos de fatores:

(15) Grupos de fatores [proposição inicial]
a. O status informacional do constituinte foco (novo, velho, acessível)
b. A função gramatical da palavra-Q (sujeito, objeto direto, objeto indireto, oblíquo etc.)
c. Tipo de foco (contrastivo, informacional)
d. Tipo de sentença (declarativa, interrogativa)
e. Tipo de estrutura (clivada, pseudoclivada)
f. Tipo de ordem (invertida, canônica, reduzida).

O último procedimento sobre a primeira base de dados consiste na análise quantitativa dos dados.
Com base na segunda base de dados será feita a segunda etapa de análise, qualitativa, com base nos pressupostos da SDRT. Para tanto, serão selecionados pelo menos cinco exemplos de cada tipo de construção, escolha essa guiada por uma observação prévia dos dados quantitativos. Os dados serão analisados em contexto, a fim de identificar as UDEs, UDCs e as relações retóricas que unem tais unidades e o que elas dizem sobre o uso de determinadas estruturas de focalização, permitindo assim trabalhá-los por uma metodologia indutiva. Para facilitar esse trabalho, deveremos fazer uso de softwares especificamente desenhados para esse fim, que ainda estão em prospecção.
A análise contrastiva das variedades do português será feita após a identificação de suas diferenças, fase na qual será feita a eventual aplicação de questionários online junto a falantes dessas variedades.
A análise sintática partirá da atribuição de propriedades semânticas e pragmáticas a determinadas posições sintáticas, a partir de testes realizados para esse fim. Não obstante o levantamento bibliográfico inicial, será preciso resenhar trabalhos que se dediquem especificamente às propostas de derivação para essas construções. A partir de uma análise dedutiva, em que aspectos das propostas analíticas já apresentadas são confrontados com os dados, será possível propor uma nova análise para tais construções.

7. Referências bibliográficas
ASHER, Nicholas; LASCARIDES, Alex. Logics of Conversation. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.
ASHER, Nicholas; VIEU, Laure. Subordinating and coordinating discourse relations. Lingua: an international review of General Linguistics, Amsterdam, vol. 115, n. 4, p. 591-620, Apr. 2005.
BENINCÀ, Paola. A Detailed Map of the Left Periphery of Medieval Romance. In: ZANUTTINI, Raffaella et al. (eds.). Crosslinguistic research in syntax and semantics: Negation, tense, and clausal architecture. Washington, DC: Georgetown University Press, 2006, p. 53-86.
BIANCHI, Valentina; FRASCARELLI, Mara. Is Topic a Root Phenomenon? Iberia: an International Journal of Theoretical Linguistics, vol. 2, n. 1, p. 43-88, Jan. 2010.
BIRNER, Betty; WARD, Gregory. Information Status and Noncanonical Word Order in English. Amsterdam: John Benjamins, 1998.
BRAGA, Maria Luiza. Construções clivadas no português do Brasil sob uma abordagem funcionalista. Matraga, Rio de Janeiro, v. 16, n. 24, p. 173-196, jan./jun. 2009.
BRAGA, Maria Luiza; KATO, Mary; MIOTO, Carlos. As construções-Q no português brasileiro falado. In: KATO, Mary A.; NASCIMENTO, Milton do.(orgs.) Gramática do português culto falado no Brasil. Volume 3: A construção da sentença. Campinas: Editora da Unicamp, 2010, p. 241-289.
BRITO, Ana Maria; DUARTE, Inês. Orações relativas e construções aparentadas. In: MATEUS, Maria Helena Mira et al. (eds.) Gramática da Língua Portuguesa. 6. ed. Lisboa: Editorial Caminho, 2003, p. 653-294.
CINQUE, Guglielmo. Adverbs and functional heads: a cross-linguistic perspective. Oxford: Oxford University Press, 1999.
CHOMSKY, Noam. Derivation by phase. In: KENSTOWICZ, Michael. Ken Hale: A Life in Language. Cambridge, MA: MIT Press, 2001, p. 1-52.
COSTA, João; MARTINS, Ana Maria. On focus movement in European Portuguese. Probus: International Journal of Latin and Romance Linguistics, Berlim, v. 23, n. 2, p. 217-245, Nov. 2011.
DELIN, Judy; OBERLANDER, Jon. Syntactic constraints on discourse structure: the case of it-clefts. Linguistics: an interdisciplinary journal of the language sciences, Berlim, vol. 33, n. 3, p. 465-500, Jan. 1995.
DELIN, Judy; OBERLANDER, Jon. Cleft constructions in context: some suggestions for research methodology. Ms. University of Bremen, 2005. Disponível em: <http://www.fb10.unibremen.de/anglistik/langpro/projects/gem/judys_publications/lxpaper.rtf> Acesso: 10 mai. 2017.
FRASCARELLI, Mara; HINTERHÖLZL, Roland. Types of topics in German and Italian. In: SCHWABE, Kerstin; WINKLER, Susanne. (eds.) Information Structure, Meaning and Form: generalizations across languages. Amsterdam: John Benjamins, 2007, p. 87-116.
HAEGEMAN, Liliane. Adverbial clauses, main clause phenomena, and composition of the left periphery: the cartography of syntactic structures 8. Oxford: Oxford University Press, 2012.
KATO, Mary; RIBEIRO, Ilza. Cleft sentences from Old Portuguese to Modern Portuguese. DUFTER, Andreas; JACOB, Daniel. (eds.) Focus and Background in Romance Languages. Amsterdam: John Benjamins, 2009, p. 123-154.
LONGHIN, Sanderléia Roberta. As construções clivadas: uma abordagem diacrônica. Dissertação (Mestrado em Linguística). Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1999.
LÓPEZ, Luís. A Derivational Syntax for Information Structure. Oxford: Oxford University Press, 2009.
MACEDO-COSTA, Tatiane; ANDRADE, Aroldo Leal de. Caracterização semântico-pragmática de tópicos pendentes no português brasileiro. Letrônica, Porto Alegre, v. 8, n. 2, p. 391-408, jul./dez. 2015.
MANN, William C.; THOMPSON, Sandra A. Rhetorical structure theory: toward a functional theory of text organization. Text: an interdisciplinary journal for the study of discourse, Berlim, v. 8, n. 3, p. 243-281, Jan. 1988.
PRINCE, E. A comparison of wh-clefts and it-clefts in discourse. Language, Washington, DC, v. 54, n. 4, p. 883-906, Dec. 1978.
RIZZI, Luigi. The fine structure of the left periphery. In: HAEGEMAN, Liliane. (ed.) Elements of Grammar: Handbook of Generative Syntax. Dordrecht: Kluwer, 1997, p. 281-337.


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